“Piratas da Somália” aborda outro lado da história do sequestro do Maersk

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Evan Peters interpreta Jay Bahadur

Até início do ano passado, “Piratas da Somália” (2018, EUA, Somália, Quênia, Sudão, África do Sul, dir. Brian Buckley, 117 min.) era um filme totalmente desconhecido para o ser humano que aqui escreve. O fato é que um amigo meu, apaixonado por cinema, recomendou e lá fui eu assistir, mas confesso que sem muita fé na produção. A surpresa foi imediata.
A história dos famosos sequestros dos cargueiros por somalis já fora retratada no longa “Capitão Phillips”, protagonizado por Tom Hanks. A versão retrata os apuros do comandante da tripulação do navio cargueiro Maersk, que carregava mercadorias e alimentos para o povo somaliano. “Piratas da Somália” e “Capitão Phillips” narram a mesma história com pontos de vistas distintos – embora ambos sejam construídos sob o olhar de homens brancos.
“Piratas da Somália” é um filme que retrata o salto de fé de Jay Bahadur, um jornalista amador de 24 anos que almeja maiores oportunidades na carreira. Quando, por acaso, encontra um dos seus jornalistas favoritos, Seymour Tolbin (uma breve participação de ninguém menos que Al Pacino), e é encorajado a se aventurar, decide ir à Somália para se infiltrar entre os piratas somalis e escrever um livro. 
O filme possui uma premissa pretensiosa, mas se apresenta de maneira mais simples. O primeiro ato não prende o espectador, mas assim que a história chega em território somali se desenrola de forma mais atrativa e desenvolve seus personagens. Como não sabia o que esperar do filme, comecei sem expectativas e, particularmente, gostei. Surpreende, em especial, a interpretação de Evan Peters, embora não pudesse imaginá-lo no papel. Mas quem realmente rouba a cena é Barkhad Abdi, que interpreta Abdi, um dos piratas. Ele, que, por coincidência (ou não) já interpretou um pirata somali em Capitão Philips, apresenta um personagem consistente e bem-humorado. É interessante analisarmos e assistirmos a uma produção com um enfoque diferente de uma história. O filme consegue nos trazer isso, mesmo que de forma breve.
Como contribuição aos nossos tempos, o longa traz um retrato da situação grave da Somália e nos coloca a par da história sob a perspectiva dos piratas e do território do país. Ele mostra o que “Capitão Philips” não mostrou e ilustra a outra perspectiva da famosa história. É importante que filmes como esse sejam produzidos e nos tragam cada vez mais vivências do lado dominado, e não do dominador.

Já assistiram ao filme?

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